quinta-feira, 15 de outubro de 2009

NADA SUBSTITUI A PALAVRA

Ela decaiu não porque foi contestada, mas porque se tornou irrelevante, enfadonha, opressiva e insípida.
(Abrahma Joshua Heschel)

Porque ir a Igreja? Essa é uma pergunta não muito nova, porém uma pergunta viva para muitos nos nossos dias, aliás essa pergunta nunca foi tão viva.
A Igreja se tornou enfadonha e sem sal. Ela se tornou numa atração desatrativa, ou melhor, ela se tornou um poço de repugnância. Porém, a pergunta é dei-me um motivo para freqüentar a Igreja? Confesso, não sei se consigo te seduzir ou tento me explicar, para poder ter mais força de ir a Igreja, mas como a minha proposta não é levantar mais críticas e sim te seduzir, lá vai: Eu creio que a Igreja ainda é o local das possibilidades!
Possibilidade de Percepção da Graça
Creio que a graça é uma disposição da trindade em criar, manter e salvar o homem. Não creio numa graça barata e nem numa graça que é desgraça. Creio numa graça que mais do que ser plano salvívico é plano mantenedor da vida. É mais ou menos assim: só estamos vivos por meio da graça (At 17:24), ou seja, se tudo existe nele, só existimos mediante a graça. A graça então já essência da existência, mas para muitos ela é despercebida. No “mundo”[1] estamos debaixo da graça, mas não percebemos a graça. Porém, na Igreja existe ainda a possibilidade da percepção da graça. É claro que quando chegamos na Igreja, nos encontramos com o fundamentalismo, com pastores despreparados, mas ainda é o local em que a graça é vista nas irmãs caridosas, nos pastores apaixonados pela obra de Deus, nos aleluias e glórias a Deus que unem ricos e pobres, comendo do mesmo pão e do mesmo vinho, pois seja o que for, isso não vem de nós é dom gratuito de Deus (Ef 2:8-9).
Não desprezo nenhuma manifestação extra-Igreja da graça, aliás a percebo em todos os lugares. Todavia, ainda é para mim a Igreja, a possibilidade da graça e isso não pode ser desprezado.

Possibilidade do Bom Caminho da Vida, Apesar de Barreiras Intransponíveis que se Levantam contra Nós

A vida nos prega peças, situações intransponíveis. A morte, a falência, a tragédia não anunciada ou anunciada. Barreiras que se levantam muitas vezes contra nós. Diante dessas situações, temos dois caminhos, vivermos na amargura, ou o contrário vivermos bem a vida, apesar da vida. E é exatamente aí que percebo a Igreja como a grande possibilidade do “viver bem”[2], pois a Palavra Bíblica é a Palavra da vida. Quando Cristo fala que é o caminho, a verdade e a vida (Jo 14:6), penso que ele estava afirmando eu sou a possibilidade de você viver bem, mesmo que a vida te traga muita dor.
Quando falo em viver bem, falo naquele homem ou mulher que não vive pela alienação, mas vive pelo prazer de viver. O prazer na vida e isso ainda se aprende na Igreja. A Igreja não é local que tudo dá certo, mas é o local que existe uma maior possibilidade da vida dar certo.

Possibilidade de se Aprofundar na Maior Revelação Divina

Eu não gostaria de frustrar ninguém, mas a maior revelação de Deus é Cristo (o homem) e depois o homem (homem). Perdoe-me os fundamentalistas de plantão, mas a Bíblia é menor do que o ser humano. E é exatamente na Igreja que existe a possibilidade de gente se tornar gente, pois quando nos encontramos com Cristo, mas humanos nos tornamos e quanto mais humanos, mais nos aprofundamos em gente. É isso que me encanta, uma conversão que me converte ao próximo. É claro que vemos ainda a manifestação do não gente dentro da Igreja, mas ainda existe a grande possibilidade de ver gente dentro da Igreja.
Poderia citar muitas outras possibilidades, mas paro por aqui, dizendo: ainda vale a pena ir a Igreja, pois apesar de tudo, ainda é o local das possibilidades.

[1] Usei esta palavra no sentido de ausente da Igreja, não como estrutura maldita.
[2] É uma situação de paz de espírito apesar das intempéries da vida.

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