quinta-feira, 15 de outubro de 2009

PASTOREIO PARA A VIDA E NA VIDA

Nossa vida cotidiana é toda feita de crenças silenciosas, tácitas de evidências que nunca questionamos porque nos parecem naturais, óbvias. (Marilena Chauí)

Em nossa vida cotidiana, afirmamos, perguntamos coisas e analisamos situações com frases que nunca paramos para questionarmos os porquês. É comum no meu dia-a-dia afirmar que algo é mentira ou que algo é verdade. Ou seja, o valor moral já está embutido dentro do meu cotidiano. Outro exemplo bem prático do nosso cotidiano é a simples pergunta: Que horas são? Quando pergunto isso, afirmo intrinsecamente que acredito no tempo e que esse tempo me faz ter passado e que esse tempo me projeta para o futuro. Essas percepções questionadoras têm toda uma atitude filosófica por trás. O questionar o óbvio, mas acima de tudo, minha reflexão, parte do espaço de crenças (valores) de cada pessoa. Ou seja, as minhas atitudes são guiadas pelos meus valores naturais, óbvios.
Valores são passados de pais para filhos, de sociedade para indivíduos e, óbvio, de indivíduos para sociedade. E uma vez adquirido ele passa a fazer parte do cotidiano. Recentemente assisti ao filme “A Vila”. Esse filme tem no seu enredo a reprodução do pensamento de um grupo de pessoas. E esse grupo de pessoas eterniza uma mentira como verdade, mas que para todo um povo essas verdades eram óbvias e faziam parte de todo o seu cotidiano. Todo o regimento do culto da vida era uma mitologia, mas que para a cidade era inquestionável e suficiente para a vida.É assim que a produção das idéias vira, a produção da vida.E uma vez as idéias sendo passadas, a vida das pessoas são marcadas pelos valores e os valores determinam a conduta no cotidiano.
A religião produz valores inquestionáveis e suficientes para a vida. O homem é um ser religioso. Isso implica que o cotidiano das pessoas tem valores marcados por valores religiosos “inquestionáveis” e suficientes para a vida. Isso fica bem claro, quando alguém afirma: “Eu creio na bondade do Pai! Deus é soberano! Eu sei que terei vitórias no meu futuro”. Nenhuma dessas frases é construída isoladamente, pois o espaço religioso determinou valores e os valores são percebidos no meu cotidiano. A grande questão é quando os valores são questionados e não são ditos como óbvio. Esse tipo de atitude incomoda a vida, pois incomoda os meus valores e consequentemente o meu cotidiano, os meus sonhos.
Esse é o grande desafio pastoral do momento: como questionar sem matar o óbvio das pessoas. Como alimentar com a Palavra, fazendo a igreja se apaixonar por vôos profundos na Bíblia. Esse é o meu desafio. Não quero falar o novo! Quero levar as minhas ovelhas a conhecerem novos pensamentos, mas com construções, com sabedoria e acima de tudo com amor pelas vidas, pois isto me faz ser pastor: acreditar no projeto da vida.

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